Brasil apresenta boas oportunidades de expansão do varejo para o interior
O The Boston Consulting Group divulgou resultados da pesquisa que fez mapeando oportunidades de crescimento no Brasil.
Segundo estudo realizado pelo The Boston Consulting Group, o Brasil apresenta boas oportunidades de expansão para o varejo, contando que as empresas do setor estejam dispostas a investir em capilaridade na direção de cidades do interior. A estimativa da consultoria é que em cinco anos, ou seja, até 2020, consumidores do interior deverão responder por 45% do aumento do varejo, o que significa US$ 60 bilhões em novas compras, apontando o deslocamento da demanda para o interior, apesar da previsão de diminuição do consumo em geral no país.
O estudo analisa, também que são poucos os varejistas do país que estejam preparados para capitalizar esta oportunidade de crescimento, a maior parte porque as empresas centralizaram seus esforços quase que exclusivamente nas cidades com maior população, como as capitais. Todavia, reconhece que a demanda no interior é mais fragmentada; que a distribuição e logística são problemáticas; que levar ao interior a cadeia de suprimentos é mais difícil e mais caro do que até as capitais; e que há falta de profissionais qualificados nessas regiões, para encontrar gerentes de lojas e representantes comerciais. Outro ponto desfavorável é que muitos varejistas não compreendem o padrão de compras e preferências dos consumidores do interior.
Foram averiguados mais cuidadosamente cinco segmentos: roupas, supermercados, farmácias, eletrônicos e perfumarias. Empresas da área de vestuário serviram de exemplos e são cases do estudo. Entre as orientações, a consultoria propõe ao varejo disposto em disputar o mercado do interior, a enfrentar a demanda fragmentada pensando em grupos de cidades vizinhas. Conclui que consumidores de pequenas cidades do interior se mostram dispostos a viajar até 30 quilômetros, para uma cidade vizinha, para fazerem suas compras, segundo dados obtidos com uma grande varejista brasileira de vestuário. Salienta que essa disposição em viajar para mais perto ou longe, depende da categoria de produtos.
Para demonstrar como funciona a ideia de avaliar o interior através do conceito de cluster de cidades, definindo o epicentro comercial, o estudo indica Ribeirão Preto, no interior de São Paulo como exemplo. Apesar da cidade ter uma população de aproximadamente 200 mil famílias, responsáveis por cerca de US $ 4 bilhões em compras por ano, sua importância aumenta consideravelmente quando se inclui as cidades vizinhas em um raio de cem quilômetros, conforme mostra o relatório. De acordo com o trabalho, o município torna-se um centro comercial que atende a aproximadamente 1 milhão de famílias que respondem por mais de US $ 16 bilhões em compras, muito próximo de Recife, capital de Pernambuco.
O estudo aponta ainda a rede Pernambucanas, como exemplo de varejista com distribuição capilar, que detém 60% de suas lojas no interior.
Outra sugestão é que o varejista invista em novos formatos de loja, podem ser menores, móveis ou pop up. Um conceito que também foi lembrado são as chamadas lojas “virtuais”, em que o ponto funciona quase como um showroom, disponibilizando uma seleção limitada de mercadoria, mas tendo uma variedade mais ampla disponível por meio de catálogos online.
O relatório traz a rede Havan como um dos cases de formato diferenciado. A varejista turbinou a expansão por cidades do interior do Brasil em diversas regiões, com a construção de megastores às margens das principais rodovias e desenhadas para atender a família, pois oferece uma ampla gama de vestuário, têm cinemas, praças de alimentação e áreas de lazer para crianças, mostra o estudo.
Enfim, a Morena Rosa é apontada como exemplo do formato multicanal de vendas, dado que a empresa paranaense combina lojas próprias, franquias, multimarcas e uma plataforma de ecommerce. A marca investe substancialmente no marketing, em campanhas estreladas por celebridades internacionais, como a atriz Sarah Jessica Parker, contrata blogueiros, e usa mídias sociais para espalhar a mensagem para fashionistas.
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